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Terrivelmente Cristão?

Existem muitas maneiras de nos expressarmos e enfatizarmos ideias em nossa língua. Uma delas é atribuindo um grau superlativo aos adjetivos. Quando usamos termos com a intenção de revelar uma ideia de aumento, estamos tratando dos superlativos absolutos, que podem ser sintéticos ou analíticos. Por exemplo, quando digo que alguém é terrível, eu posso exagerar essa característica dizendo que esse alguém é terribilíssimo ou muito terrível.

Mas o que é uma pessoa ou algo terrível? Terrível é aquele ou aquilo que causa ou inspira terror; algo ou alguém muito intenso, violento; que ocasiona consequências nefastas; de qualidade detestável. Note, que todas as definições apontam sempre na direção daquilo que é negativo ou não admirável. Coloque sobre essas ideias o grau superlativo e você entenderá o que é uma pessoa “terrivelmente cristã”. Uma pessoa terrivelmente cristã é uma pessoa que ficou paralisada no Antigo Testamento, na dispensação da lei, onde prevalecia o “olho por olho, dente por dente”. Uma pessoa terrivelmente cristã é uma pessoa que não compreendeu a maneira “terrível” de Deus se manifestar no passado quando, por ignorância dos homens, Israel foi chamado para revelar o Senhor com toda Sua glória e todo o Seu poder, com o imediato interesse de conquistar nações para Si. Uma pessoa terrivelmente cristã é uma pessoa que não consegue reconhecer e discernir quem é o seu verdadeiro inimigo e que, por causa disso, elege como tal todos aqueles que se opõem às suas ideias ou simplesmente ousam pensar diferente. Uma pessoa terrivelmente cristã é uma pessoa que, por temer ser oprimida e tiranizada pelo poder do outro, deseja ocupar esse mesmo lugar de poder para fazer com o outro exatamente aquilo que não gostaria que fizessem com ela. Uma pessoa terrivelmente cristã é uma pessoa que nunca conheceu o evangelho da graça e nunca se encantou com a graça do evangelho. As vezes que ouvimos as Escrituras se referirem aos feitos “terríveis” do Senhor, todas elas aparecem nas páginas do Antigo Testamento e ainda assim precisam ser analisadas dentro do seu contexto. A única vez que tal expressão aparece no Novo Testamento é na carta aos Hebreus, citando um fato do Antigo.

Existem muitas outras maneiras de expressarmos com exagero a nossa fé em Deus, o nosso amor por Jesus e o nosso anseio pelo Espírito Santo. Eu posso dizer, por exemplo, que creio incondicionalmente em Deus; que amo ardorosamente a Jesus; e que busco ardentemente ao Espírito Santo. Posso dizer ainda que sirvo abnegadamente ao próximo; que busco integralmente a justiça; e que luto incansavelmente pela igualdade social. Todas essas formas exageradas de expressarmos e vivermos a nossa vida cristã, podem até não promover a paz, mas certamente não incitarão à violência. Portanto, não se orgulhe de dizer que você é alguém “terrivelmente cristão”. Orgulhe-se em dizer que você é uma pessoa pacificamente cristã, amorosamente cristã, justamente cristã, honestamente cristã e tantos quantos outros superlativos positivos couberem em sua biografia.

O mundo não precisa de pessoas “terrivelmente cristãs”, mas de pessoas verdadeiramente cristãs. Que Ele, o Senhor, nos dê a graça de comparecermos assim ante o mundo em que vivemos.

Com amor,

Pr. Carlos Henrique.

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